sexta-feira, 1 de agosto de 2008

No fim da tarde

Acenda o meu cigarro
Que mais um isqueiro eu já perdi
Não me venha falar de vida
Ou do que eu já sofri
São tantos os dramas que ainda não vivi
Já ouvi sim
Mais alguns vinis nesse fim de tarde
Canção de saudade
A La Cartola que invade
Doçura de João Bosco
Da minha Jade
Apertado coração
5 minutos de canção
Respiração ofegante
Tão feliz com a solidão
Nos vestidos, no remédio, um botão
Ao meu redor
Marisa Monte me fez lembrar com emoção
Dessa vez não
Chega pra lá por favor
Doce, doce amor
Meu Raulzito
Me escreve tão bonito
E me mostrou um disco voador
Um torpor
O som antigo
Assim no meu abrigo
Deitada, mexendo no umbigo
Um quarto, pé, retrato
Incenso que queima calado
Vinil descascado
Véu de cortina a voar
Lá fora
Hora que demora
Quando tem o seu cheiro
Dentro de um livro
Na cinza das horas...
Eu, Adriana Calcanhotto
Vem
Vambora.

B.Nunes

Verso do avesso

Versos versáteis
Subversivos
Versos do avesso
São os
Versos que eu li
No verso.

B.Nunes

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Língua do B

O bêbado bebe, bebe, bebe
Bota a boca no bafômetro
Briga com o policial
Bate no bêbado
Brinca de James Bond com o bêbado
Bate na bela vizinhança de bairro boêmio
Bêbado não tem 007 vidas
Bate as botas...

("Historinha pra boi -não- beber")

B.Nunes

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Meu mundo, eu mudo

Que mundo é esse que fabrica gente por gente
Mente
Mata inocente
Insere tantas vírgulas na minha mente
Que mundo é esse que cativa
Que ignora
Que demora a responder
Que revolta meu entender
Que faz um penar
Que faz valer a pena viver
Que mundo é esse que enxerga o mal tão de perto
Que tenta se fazer de esperto
Mas está alí pra me socorrer
Que mundo é esse que enche de lágrimas meus dias
Que faz de seu verde a minha alegria
E enfumaça minha moradia
Que mundo é esse que eu não quero lembrar
Que não me deixa tentar
Que puxa o meu pé
Que mundo é esse que toma medicação
Que fala do sim e do não
Que desabafa na escadaria
Que me dá de presente a mais prazerosa melancolia
A mais linda noite e o mais lindo dia
Que mundo é esse que purpurina meu carnaval
Que destrói minha fantasia
Que faz chover na minha alegoria
Que mundo é esse que faz meu samba campeão
Que me faz chorar de emoção
Que faz de um ser humano o pior cidadão
Que mundo é esse que toma remédio
Que não tem nem médico
Um mundo monocromático
Um mundo Problemático
Que faz da minha vida o que quer
Mas desse mundo, eu não quero fugir
Mundo, eu estou aqui pro que der e vier.


B.Nunes

terça-feira, 15 de julho de 2008

Letra de Nado Siqueira

Um romantismo escapista...meloso...ultrapassado...adoro!

Românticos são poucos
Românticos são loucos
Desvairados
Que querem ser o outro
Que pensam que o outro
É o paraíso...
Românticos são lindos
Românticos são limpos
E pirados
Que choram com baladas
Que amam sem vergonha
E sem juízo...
São tipos populares
Que vivem pelos bares
E mesmo certos
Vão pedir perdão
Que passam a noite em claro
Conhecem o gosto raro
De amar sem medo
De outra desilusão...
Romântico
É uma espécie em extinção!

Românticos são poucos
Românticos são loucos
Como eu!

Outro eu

Meu alterego quer se dar bem. Meu alterego quer zombar de mim.
Meu alterego quer ser artista. Meu altergo quer sair de si.

B.Nunes

De Surrealista a machista.Para Buñel...

Sua fonte jorra água dura e caem gotas em tantas dimensões
Burros podres sem relincho, gancho sem o capitão
Mão solta, solta mão
Transcendência! Imaginação!
Nosso humor parecido, que varia
Tão negro de alucinação
Sua ânsia ao anticonvencional, pavor do homossexual
Garcia Lorca, coitado
Fora atingido por sua rebeldia estabelecida
Gênio!
Rebeldia é vida
Amigo de Dalí e Charles Chaplin
Bigodes Incomparáveis
Mentes. Amantes do diferente. Sou Fã
De seu amor louco, embriagante
De seu embebedar, fumante
Luis Buñel, escrevo-te rapidamente.

B.Nunes

De uma poetisa (que desconhece as regras) Para Luis Buñel. Assista!
Autobiografia de Buñel: "Mon Demier Soupir"


mntp´s

Impressão
Textura
Digital
Caminhos
Linha
Dedo
Emoção
Suor
Mancha
Suspiro
Concentração
Chiclete
Off-set

Aff...

B.Nunes

Senti(n)do

A boca seca
A palavra fica
Sabores vis
Amores vão
Olhar em constante movimentação
Boca, palavra, mão
Um pouco mais de reação
Desejo, libertação
Um pulsar de coração
Da antiga prisão-ilusão
Algum sentido já fugiu
Uns ouvidos, ávidos
Ruídos, viu
Na rima, de rua
A cheiro forte
De apenas uma
Percepção sutil.


B.Nunes

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Só um asterístico*

9:00hs. O relógio não precisou tocar. Ganhei o dia!
A confusão já estava armada. Suco de beterraba com cenoura (?)
...Delícia.
Isso mesmo, meus cabelos não são mais os mesmos..mas podem ficar.
Hm..beterraba faz bem aos cabelos? (Pensando bem)
Não me recordo de alguma experiência de lindos cabelos e beterraba.
Talvez tenha sido a minha quase apurada (e quase fotográfica) memória de criança, ao ler o livro de teleshop "o poder das frutas" que minha saudosa avó colecionava. Nunca consegui chegar na página do mamão, a goiaba já tinha tomado boa parte do meu tempo.
Bom, deixando isso completamente no mamão ou só na lembrança mesmo, volto pro relógio.
Almoço cedo... ganhei o dia, ainda! E o meu relógio biológico agradece.
Digestivo de bagunça, falatórios, televisão, cobranças.
Quase utilizei do sintoma de Emese (um vomitei bonito) a feijoadinha do dia anterior.
Mas não me submeti a tal ponto, já deveria estar acostumada. Um pouco de trabalho pra lembrar de esquecer tanta confusão, tantas pessoas, segunda-feira...
E o fim de semana ansioso por chegar. (Cerveja!) com feijoada combina mais que beterraba com cenoura e não faz vomitar.


B.Nunes

Quinta-feira (...)

Mais um dia clareia
Maré mansa
Um latejar de veia
Acordar sem ter os pés na areia
Meu ronco incomoda tanta atividade alheia
A raiva de acordar com o sol na cara
A zero grau
Faz frio ou faz sol
Meu cobertor de orelha
Que orelha?
Não me incomodo (pelo menos penso em não tentar)
A cidade começa na quinta-feira
O sereno me arrasta
Gelado, geladas
Pés, bocas
Frios, gostos
Mais zero grau
E mais
Cadê meu cobertor?
Minha boca toma o lugar da orelha
Boca, boca
orelha!
(e olhar também)
Encontremos
talvez, sexta-feira
Queira ou não queira
A boemia
Farta!
Mas no domingo tem feira,
Um sol de brincadeira
A minha alma que vagueia
E a sacola, cheia.


B.Nunes